vusto

Classes de Consumo


Consumidor Residencial

Consumidores residenciais na qual se enquadram, também, os consumidores residenciais de baixa renda cuja tarifa é estabelecida de acordo com critérios específicos.

Consumidor Industrial

Consumidores industriais na qual se enquadram as unidades consumidoras que desenvolvem atividade industrial, inclusive o transporte de matéria prima, insumo ou produto resultante do seu processamento; Comercial, Serviços e Outras Atividades.

Consumidor Rural

Consumidores rurais na qual se enquadram as atividades de agropecuária, cooperativa de eletrificação rural, indústria rural, coletividade rural e serviço público de irrigação rural;

Poder Público

Consumidores públicos na qual se enquadram as atividades dos Poderes Públicos: Federal, Estadual ou Distrital e Municipal.

Iluminação Pública

Iluminação Pública na qual se enquadra a iluminação de ruas, praças, jardins, estradas e outros logradouros de domínio público de uso comum e livre acesso, de responsabilidade de pessoa jurídica de direito público.

Serviço Público

Serviço Público na qual se enquadram os serviços de água, esgoto e saneamento.

Consumo Próprio

Consumo própio que se refere ao fornecimento destinado ao consumo de energia elétrica da própria empresa de distribuição.

Componentes da Tarifa


As tarifas de energia elétrica são definidas com base em dois componentes:

  • demanda de potência;
  • consumo de energia.

A demanda de potência é medida em quilowatt e corresponde à média da potência elétrica solicitada pelo consumidora empresa distribuidora, durante um intervalo de tempo especificado normalmente 15 minutos e é faturada pelo maior valor medido durante o período de fornecimento, normalmente de 30 dias.

O consumo de energia é medido em quilowatt-hora ou em megawatt-hora (MWh) e corresponde ao valor acumulado pelo uso da potência elétrica disponibilizada ao consumidor ao longo de um período de consumo, normalmente de 30 dias.

As tarifas de demanda de potência são fixadas em reais por quilowatt e as tarifas de consumo de energia elétrica são fixadas em reais por megawatt-hora (R$/MWh) e especificadas nas contas mensais do consumidor em reais por quilowatt-hora.

Nem todos os consumidores pagam tarifas de demanda de potência. Isso depende da estrutura tarifária e da modalidade de fornecimento na qual o consumidor está enquadrado.

Estrutura Tarifária


As tarifas no Brasil estão divididas em classes de tensão:

  • Alta Tensão - Grupo A
  • Baixa Tensão - Grupo B

Tarifas do Grupo A

As tarifas do “grupo A” são para consumidores atendidos pela rede de alta tensão, de 2,3 a 230 quilovolts (kV), e recebem denominações com letras e algarismos indicativos da tensão de fornecimento, como segue:

  • A1 para o nível de tensão de 230 kV ou mais;
  • A2 para o nível de tensão de 88 a 138 kV;
  • A3 para o nível de tensão de 69 kV;
  • A3a para o nível de tensão de 30 a 44 kV;
  • A4 para o nível de tensão de 2,3 a 25 kV;
  • AS para sistema subterrâneo.

As tarifas do “grupo A” são construídas em três modalidades de fornecimento:

  • convencional;
  • horo-sazonal azul;
  • e horo-sazonal verde.

A estrutura tarifária convencional é caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia e/ou demanda de potência independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano. A tarifa convencional apresenta um valor para a demanda de potência em reais por quilowatt e outro para o consumo de energia em reais por megawatt-hora.

O consumidor atendido em alta tensão pode optar pela estrutura tarifária convencional, se atendido em tensão de fornecimento abaixo de 69 kV, sempre que tiver contratado uma demanda inferior a 300 kW.

A estrutura tarifária horo-sazonal é caracterizada pela aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência, de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano.

O objetivo dessa estrutura tarifária é racionalizar o consumo de energia elétrica ao longo do dia e do ano, motivando o consumidor, pelo valor diferenciado das tarifas, a consumir mais energia elétrica nos horários do dia e nos períodos do ano em que ela for mais barata.

Para as horas do dia são estabelecidos dois períodos, denominados postos tarifários.

O posto tarifário “ponta” corresponde ao período de maior consumo de energia elétrica, que ocorre entre 18 e 21 horas do dia.

O posto tarifário “fora da ponta” compreende as demais horas dos dias úteis e as 24 horas dos sábados, domingos e feriados.

As tarifas no horário de “ponta” são mais elevadas do que no horário “fora de ponta”.

Já para o ano, são estabelecidos dois períodos: “período seco”, quando a incidência de chuvas é menor, e “período úmido” quando é maior o volume de chuvas.

As tarifas no período seco são mais altas, refletindo o maior custo de produção de energia elétrica devido à menor quantidade de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, provocando a eventual necessidade de complementação da carga por geração térmica, que é mais cara.

O período seco compreende os meses de maio a novembro e o período úmido os meses de dezembro a abril.

A tarifa horo-sazonal azul é a modalidade de fornecimento estruturada para a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano, bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia.

Ela é aplicável obrigatoriamente às unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado, e com tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV.

A tarifa horo-sazonal azul tem a seguinte estrutura:

  • Demanda de potência (R$/kW);
  • Um valor para o horário de ponta (P);
  • Um valor para o horário fora de ponta (FP);
  • Consumo de energia (R$/MWh);
  • Um valor para o horário de ponta em período úmido (PU);
  • Um valor para o horário fora de ponta em período úmido (FPU);
  • Um valor para o horário de ponta em período seco (PS);
  • Um valor para o horário fora de ponta em período seco (FPS);

A tarifa horo-sazonal verde é a modalidade de fornecimento estruturada para a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano, bem como de uma única tarifa de demanda de potência.

A tarifa horo-sazonal se aplica obrigatoriamente às unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado com tensão de fornecimento inferior a 69 kV e demanda contratada igual ou superior a 300 kW, com opção do consumidor pela modalidade azul ou verde.

As unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado com tensão de fornecimento inferior a 69 kV e demanda contratada inferior a 300 kW podem optar pela tarifa horo-sazonal, seja na modalidade azul ou verde.

A tarifa horo-sazonal verde tem a seguinte estrutura:

  • Demanda de potência (R$/kW): valor único;
  • Consumo de energia (R$/MWh);
  • Um valor para o horário de ponta em período úmido (PU);
  • Um valor para o horário fora de ponta em período úmido (FPU);
  • Um valor para o horário de ponta em período seco (PS);
  • Um valor para o horário fora de ponta em período seco (FPS).

As tarifas do “grupo B” se destinam às unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3 kV e são estabelecidas para as seguintes classes (e subclasses) de consumo:

  • B1 Classe residencial e subclasse residencial baixa renda;
  • B2 Classe rural, abrangendo diversas subclasses, como agropecuária, cooperativa de eletrificação rural, indústria rural, serviço público de irrigação rural;
  • B3 Outras classes: industrial, comercial, serviços e outras atividades, poder público, serviço público e consumo próprio;
  • B4 Classe iluminação pública.

As tarifas do “grupo B” são estabelecidas somente para o componente de consumo de energia, em reais por megawatt-hora, considerando que o custo da demanda de potência está incorporado ao custo do fornecimento de energia em megawatt-hora.

Com base na legislação em vigor, todos os consumidores residenciais com consumo mensal inferior a 80 kWh, ou aqueles cujo consumo esteja situado entre 80 e 220 kWh/mês e que comprovem inscrição no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal, fazem jus ao benefício da subvenção econômica da Subclasse Residencial Baixa Renda.

A tarifa social de baixa renda sofre descontos escalonados do acordo com o consumo em relação à tarifa da classe residencial (B1), conforme ilustra a tabela abaixo.

Faixa de Consumo Desconto Tarifário
0 a 30 kWh
65%
31 a 100 kWh
40%
101 a Limite Regional
10%

Define-se Limite Regional como sendo o consumo máximo para o qual poderá ser aplicado o desconto na tarifa, sendo que tal limite é estabelecido por concessionária, e os valores que excederem serão faturados pela tarifa plena (B1) aplicada às unidades residenciais.

Composição das Tarifas


Cabe à ANEEL fixar uma tarifa justa ao consumidor, e que estabeleça uma receita capaz de garantir o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. A receita da concessionária de distribuição se compõe de duas parcelas, conforme visualizado no quadro a seguir.

A Aneel reconhece dois tipos de receitas para a concessionária:

  • Parcela A (custos não gerenciáveis)
    • São custos fora do contre da distribuidora
  • Parcela B (custos gerenciáveis)
    • São custos dentro do controle da distribuidora.
Parcela A
Parcela B
Encargos Setoriais
O&M

RGR

Pessoal

CCC

Material

TFSEE

Terceiros

Proinfa

Despesas Gerais

CDE

Outras
Encargos de Transmissão
Capital
Uso Rede Básica
Depreciação
Uso Conexão
Remuneração
Uso Distribuição
Transporte Itaipu
ONS
Energia para Revenda
Outros
Contratos Iniciais
P&D
Energia Itaipu
Eficiência Energética
Contratos Longo Prazo

PIS

Leilões
Cofins

 

Reserva Global de Reversão - RGR

Trata-se de um encargo pago mensalmente pelas empresas de energia elétrica, com a finalidade de prover recursos para reversão e/ou encampação, dos serviços públicos de energia elétrica.

Tem, também, destinação legal para financiar a expansão e melhoria desses serviços, bem como financiar fontes alternativas de energia elétrica para estudos de inventário e viabilidade de aproveitamentos de novos potenciais hidráulicos, e para desenvolver e implantar programas e projetos destinados ao combate ao desperdício e uso eficiente da energia elétrica.

Seu valor anual equivale a 2,5% dos investimentos efetuados pela concessionária em ativos vinculados à prestação do serviço de eletricidade, é limitado a 3,0% de sua receita anual.

Cotas da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC)

Refere-se ao encargo que é pago por todas as empresas de distribuição de energia elétrica para cobrir os custos anuais da geração termelétrica eventualmente produzida no país, cujo montante anual é fixado para cada empresa em função do seu mercado e da maior ou menor necessidade do uso das usinas termelétricas.

TFSEE

A Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE) foi criada, por lei, com a finalidade de constituir a receita da ANEEL para cobertura das suas despesas administrativas e operacionais.

A TFSEE é fixada anualmente pela ANEEL e paga mensalmente, em duodécimos, por todos os agentes que atuam na geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica.

P&D

São os investimentos obrigatórios em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de 0,75% da receita líquida da empresa, no caso de distribuidoras e de 1% no caso de geradoras e transmissoras.

Eficiência Energética

São os investimentos obrigatórios em Eficiência Energética de 0,25% da receita líquida. Lei 9.991 de julho de 2000.

Proinfa

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

Refere-se ao encargo pago por todos os agentes do Sistema Interligado Nacional (SIN) que comercializam energia com o consumidor final ou que recolhem tarifa de uso das redes elétricas relativa a consumidores livres, para cobertura dos custos da energia elétrica produzida por empreendimentos de produtores independentes autônomos, concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa participantes do Proinfa.

A cada final de ano a ANEEL publica, em resolução específica as cotas anuais de energia e de custeio a serem pagas em duodécimos, por esses agentes, no ano seguinte, calculadas com base no demonstrativo da energia gerada pelas centrais geradoras do Proinfa e os referentes custos apresentados no Plano Anual do Proinfa elaborado pela Eletrobrás.

Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)

Refere-se a um encargo setorial, estabelecido pela Lei 10.438 de 26/04/2002, e pago pelas empresas do setor, cujo valor anual é fixado pela ANEEL com a finalidade de prover recursos para o desenvolvimento energético dos estados, para viabilizar a competitividade da energia produzida a partir de fontes eólicas (vento), pequenas usinas hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão mineral nas áreas atendidas pelos sistemas elétricos interligados, e levar o serviço de energia elétrica a todos os consumidores do território nacional (universalização).

Preços em Tempo Real


A Bloomberg é uma das fontes mais importantes de informações financeiras e econômicas.

Contudo, ela não apresenta, na versão gratuita, informações sobre os preço de carvão.

Para o carvão, a GlobalCoal é uma fonte mais adequada.

Preço x Valor


Tudo na vida tem valor, mesmo que não tenha preço.

Ar e Água são indispensáveis à vida e, por isso, possuem elevado valor.

Tudo na vida tem preço, mesmo que não tenha valor.

"O cínico sabe o preço de tudo mas não sabe o valor de nada." Oscar Wilde

Por isso, preço não está relacionado com custo e vice-versa.

Mitos


  • Modelos de Avaliação são quantittativos, logo a avaliação é objetiva.
  • Fazer uma avaliação bem feita leva uma eterninade.
  • Uma boa avaliação fornece um valor preciso.
  • Quanto mais quantitativo o modelo, melhor a avaliação.

Exemplo


Exercícios


  1. Repita o exemplo acima para os seguintess casos:
  • Fator de Capacidade de 60%;
  • Taxa de desconto de 20%a.a;
  • Tempo de duração do projeto de 15, 10 e 5 anos;
  • Comente os resultados.

Qual o preço da Energia de Angra III?


"Segundo o diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, os recursos necessários à conclusão de Angra 3 foram calculados, em cinco auditorias independentes contratadas pela Eletronuclear, em algo entre US$ 1,7 bilhão e US$ 1,8 bilhão. Já foram investidos US$ 750 milhões em equipamentos e na preparação do terreno para a obra. Segundo técnicos da estatal, somente a conservação dos equipamentos, adquiridos na década de 1980, custa aos cofres públicos US$ 20 milhões por ano. "Do total de investimentos previstos para a conclusão da obra, cerca de US$ 120 milhões seriam investidos no Brasil, na compra de equipamentos e contratação de serviços. Além disso, 35% deste dinheiro retornariam aos cofres públicos na forma de impostos, como IPI e ICMS" disse." (Jornal do Commercio - 30.11.2003)

Determine, a partir dos dados anteriores o custo da energia gerada por Angra 3.

Referências


Damoradan, A., Investment Valuation - Tools and Techniques for Determining the Value of Any Asset, 3 edição, Wiley, 2012.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução


Preço e custo são conceitos distintos, mas muitas vezes misturados.

Preço depende basicamente do mercado, que, por sua vez, depende:

  • do comportamento dos consumidores;
  • do grau de competição existente no mercado;
  • da oferta;
  • da demanda;
  • e da estrutura de custos dos produtores.

Por outro lado, o custo da geração de energia depende:

  • dos insumos utilizados na geração de energia;
  • das tecnologias utilizadas;
  • do custo do capital;
  • do custo da mão de obra;
  • dos impostos;
  • do volume de produção.

Portanto, o custo e o preço da energia elétrica são diferentes para cada agente da cadeia produtiva da energia elétrica.

Por exemplo, o preço da energia elétrica para os consumidores finais depende:

Análise da Conta de Luz


Iniciemos esta análise pelo consumo residencial porque todos nós temos acesso às nossas contas de luz. Ela nos fornece diversas informações.

Os valores da tabela abaixo foram extraídos da conta em anexo.

Observa-se, na primeira linha da tabela, que os tributos representam a maior parcela desta conta de luz, seguido pela energia e distribuição.

Considerando que esta conta é relativa ao consumo de 1110 kWh, a tarifa total é de R$473,34/MWh, conforme mostrado na última linha da tabela, tendo como base abril de 2008 .

Porém, de acordo com a Aneel, a Tarifa residencial da Light para este período era dada pela tabela em anexo, sendo igual a R$293,29/MWh.

A primeira questão é: Por que existe esta diferença?

A resposta são os tributos e encargos.

 

Resumo de Conta de Luz Residencial
Energia Trans Distri Total 1 Encargos Setoriais Tributos Total 2
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
160,10
14,87
109,14
284,11
45,93
195,37
525,41
R$/MWh
R$/MWh
R$/MWh
R$/MWh
R$/MWh
R$/MWh
R$/MWh
144,23
13,40
98,32
255,96
41,38
176,01
473,34

 

A tabela abaixo permite analisar esta questão com mais detalhes.

Neste caso, a tabela foi normalizada tendo como base o preço final da conta.

Desta forma, a segunda linha da tabela mostra que os tributos, nesta conta de luz, representam 37% do valor e os encargos setorias 8,7%.

No entanto, este cálculo mascara a realidade porque a base para a normalização deveria ser o total dos serviços prestados sem os impostos e sem os encargos.

Ao fazermos isso, conforme mostra a terceira linha da tabela, o valor dos tributos passa a representar quase 69% do serviço prestado e os encargos 16%.

Isto significa que a questão de tributos e encargos é extremamente relevante.

 

Energia Trans Distri Total 1 Encargos Setoriais Tributos Total
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
30,5% 2,8% 20,8% 54,07% 8,7% 37,2% 100%
An�lise da Conta de Luz
56,35%
5,2%
38,41%
100%
16,17%
68,77%
185%

 

Os impostos que incidem na fatura de energia elétrica são:

  • PIS;
  • CONFINS;
  • ICMS.

Os encargos setoriais são:

Custos da Energia Elétrica


Conforme visto anteriormente, a geração de energia é responsável por aproximadamente 30% do preço que pagamos em nossa conta de luz.

Contudo, ela representa cerca de 60% da conta quando desconsideramos os impostos e encargos.

Como os impostos e encargos variam de estado para estado e de país para país, vamos focar apenas nos custos diretos.

Conforme mostra a figura abaixo, o custo direto da geração depende de diversos fatores.

O custo da energia elétrica depende de diversos fatores, tais como:

  • Custo do Combustível;
  • Valor do Investimento;
  • Custo da Operação;
  • Custo da Manutenção;
  • Impostos;
  • Encargos Setoriais;
  • Custo do dinheiro;
  • Salários;
  • Encargos trabalhistas;
  • Tempo.

O custo pode ser representado por funções matemáticas que procuram representar a relação do custo com determinados elementos geradores de custo. Uma função que represente a relação de todos os elementos acima é complexa e possui pouca aplicação prática.

Para simplificar, utilizam-se funções com apenas uma variável geradora de custo. Normalmente, esta variável é a unidade do produto final comercializado que, no caso da geração de energia elétrica, é a própria energia gerada.

Para simplificar, a função normalmente utilizada é uma aproximação linear da função custo.

Alguns desses fatores são custos fixos outros são custos variáveis.

Os custos fixos independem da quantidade de energia gerada enquanto os custos variáveis dependem da quantidade de energia gerada.

A definição é aparentemente simples, mas não significa que todos os custos são inerentementes fixos ou variáveis. Dependendo do contexto, pode-se classificar um custo como sendo fixo ou como sendo variável.

Por exemplo, o custo das peças de reposição necessárias para a manutenção de uma usina podem ser considerados como fixos ou variáveis.

A classificação dos custos em fixos e variáveis pressupõe um objeto de custo, que no nosso caso é a energia gerada.

Além disso, esta classificação depende do horizonte de tempo considerado.

Por exemplo, as parcelas de amortização e juros de um financiamento não duram para sempre.

A Influência do Fator de Capacidade


A figura abaixo apresenta a função custo de diversos geradores hipotéticos com diferentes custos fixos e variáveis.

Para facilitar a comparação, uma vez que a potência instalada das usinas pode ser muito diferente, a energia gerada foi normalizada em função do Fator de Capacidade.

Observa-se que não tem sentido em falar em geração mais barata sem especificar o fator de capacidade.

Por exemplo, no caso da figura abaixo, o gerador #1, que têm o maior custo variável, é a solução mais barata para fatores de carga inferiores a 0,4.

Por outro lado, o gerador #2 é o mais econômico no caso de operação na base, fator de carga unitário, se desconsiderarmos o gerador #3.

Portanto, não tem sentido afirmar que um determinado tipo de gerador é o mais econômico para o país.

A grande questão é como transferir a estrutura de custos fixo e variável para o preço da energia.

Quando se estabelece um preço fixo para a energia, independetemente da carga, o gerador passa a ser responsável pelo risco do fator de carga.

Como todo aumento de risco é acompanhado de um aumento de preço, o consumidor final acaba pagando mais caro pela energia.

Por isso, as tarifas do grupo A possuem uma componente relacionada à demanda, responsável pelos custos fixos, e outra componente relacionada à energia, responsável pelos custos variáveis.

Como a demanda está relacionada à potência instalada, sua tarifa é dada em R$/kW.

Por outro lado, a tarifa de energia é dada em R$/MWh.

Neste caso, para sabermos o preço final da energia é necessário combinar as duas componentes da tarifa.

Análise do Custo Anual


Portanto, de uma forma geral, o custo anual da geração de energia pode ser escrito da seguinte maneira:

eq 1       (1)

Onde:

  • Ca é o custo total anual;
  • Cf é o custo fixo anual;
  • Cv é o custo variável anual;
  • $ representa qualquer moeda;

O custo fixo da geração de energia, em um determinado ano, depende dos seguintes ítens:

  • Amortização do investimento;
  • Projeto;
  • Licença;
  • Parcela fixa da operação;
  • Parcela fixa da manutenção;
  • Encargos setoriais sobre os custos fixos;
  • Impostos sobre os custos fixos.

Por outro lado, o custo variável da geração de energia, em um determinado ano, depende dos seguintes aspectos:

  • Custo do combustível;
  • Energia gerada no ano;
  • Parcela variável da operação;
  • Parcela variável da manutenção;
  • Encargos setoriais sobre os custos variáveis;
  • Impostos sobre os custos variáveis.

Contudo, para comparar diferentes projetos projetos de geração é conveniente normalizar o custo anual em função da potência instalada, conforme a expressão abaixo:

eq2 (2)

Onde:

  • Cau é o custo total anual unitário;
  • Cf é o custo fixo anual;
  • Cv é o custo variável anual;
  • Pinst  é a potência instalada na usina;
  • $ representa qualquer moeda;
  • Fc é o fator de carga anual da usina.

Considerando que o ano tem 8760 horas, a expressão do custo anual unitário também pode ser escrita da seguinte maneira:

eq3(3)

Onde:

  • Cvu é o custo variável normalizado com relação a energia;
  • Fc é o fator de capacidade da usina.

É importante observar que, apesar desta expressão ter dimensão de $/MWh, este custo anual unitário está normalizado considerando a potência instalada como base.

Para evitar confusão, misturar potência com energia, outra maneira possível de normalizar o custo anual de geração é considerar como base a energia gerada no ano.

Desta maneira, o custo anual normalizado será dado por:

eq4    (4)

Onde:

  • Eas é a energia gerada no ano ou a energia assegurada.

Custo Fixo Anual

Conforme visto anteriormente, a parcela de custo fixo apresenta diversos itens, mas dois merecem atenção especial, a remuneração do investimento total ou pagamento do financiamento e os gastos de Operação e Manutenção- O&M.

O investimento, realizado durante a construção da usina, precisa ser remunerado pelos pagamentos anuais.

Para isso, utilizamos a matemática financeira.

Desta maneira, teremos que:

 

eq5        (5)

Onde:

  • Iv é o valor total do investimento;
  • i é a taxa de desconto do projeto;
  • n é o número de anos de amortização do projeto;
  • Cfo&m é o custo fixo anual de operação e manutenção do projeto;
  • Pmt é o fator de pagamentos periódicos normalizado.

Aplicando a expressão (5) na expressão (3), teremos que:

(6)

Esta expressão foi utilizada na figura apresentada anteriormente.

Ela demonstra que usinas, com custo unitário muito pequeno, podem não ser economicamente a melhor solução se o investimento for elevado e o fator de carga pequeno.

Analogamente, aplicando a expressão (5) na expressão (4), teremos que:

(7)

 

Custo Variável Anual

Os custos variáveis são todos os custos da usina que dependem da quantidade da energia gerada.

Os principais custos variáveis são o custo do combustível e o custo variável de manutenção.

(8)

Onde:

  • Cvuc é o custo variável unitário de combustível;
  • Cvuo&m é o custo variável unitário de O&M.

Custo de Combustível

O custo de combustível é a segunda parcela mais importante no custo da energia e, no caso de termelétricas, pode chegar a ser maior que a parcela do investimento.

Diversos combustíveis podem ser utilizados para a geração de energia elétrica. Os mais importantes, conforme visto anteriormente, são:

  • carvão;
  • urânio/plutônio;
  • gás natural;
  • gás natural liquefeito;
  • óleo combustível;
  • diesel;
  • biodiesel.

Por isso, a questão do preço dos combustíveis é fundamental para determinar a viabilidade do projeto e o custo da energia gerada.

O custo dos combustíveis nucleares não será tratado porque seu comércio é restrito e, conseqüentemente, os dados  não são disponíveis.

Este link mostra a evolução dos preços dos principais combustíveis derivados de petróleo.

O petróleo é comercializado em unidades monetárias por barril enquanto o óleo diesel é comercializado por litro, que são unidades de volume.

Por outro lado, o carvão e o óleo combustível são comercializados por tonelada, que é unidade de massa.

No entanto, na ótica da geração de energia, o custo de combustível deve ser em unidades monetárias por unidade de energia.

Como converter volume ou massa em energia?

Para se converter o volume ou massa do combustível em energia é necessário conhecer seu poder calor�fico.

Observa-se que a unidade é de energia por unidade de massa e que o hidrogênio possui o maior poder calorífico, seguido pelo metano, carbono, etanol e metanol.

Portanto, para converter o preço por massa em preço por energia basta aplicar a seguinte relação:

eq Pe

Onde:

  • Pm é o preço unitário do combustível por massa;
  • PC é o poder calorífico do combustível;
  • Pe é o preço unitário do combustível por energia.

Aplicando a expressão nos dados da Figura anterior, observa-se que o carvão é o combustível mais barato, seguido do óleo e do gás natural.

O gás natural liquefeito - GNL- é normalmente mais caro do que o gás natural.

Os preços estão expressos em US$/MMBTU, que é uma unidade de moeda por energia. Para maiores detalhes sobre unidades veja o capítulo Tabelas.

É importante ressaltar que este preço unitário por energia, apesar de estar expresso por kWh, não é o custo unitário da energia elétrica gerada porque precisa-se considerar o rendimento total da usina.

O poder calorífico dos petróleo e de seus derivados é praticamente constante em unidades de energia por massa.

No entanto, como as densidades dos derivados varia muito, o poder calorífico também varia em unidades de energia por volume.

De acordo com a Tabela,  1m3 de óleo combustível contém 40,15 GJ de energia e 1 tonelada de carvão(6000 kcal/kg) contém 23,86 GJ. Isto significa que , do ponto de vista energético, 1 m3 de óleo combustível equivale a 1,68 toneladas de carvão.

O preço do óleo combustível(OC) no mercado mundial é normalmente 80% do preço do petróleo cru(PC).

Como 1 barril de petróleo é equivalente a 0,159 m3, o preço do óleo combustível no mercado internacional é aproximadamente igual a:

eq oc x pc

Onde:

  • Poc é o preço do óleo combustível;
  • Ppc é o preço do petróleo cru;

Como a densidade do óleo combustível é aproximadamente 0,9 ton/m3, seu preço em relação ao preço do barril de petróleo será dado por:

eq oc x pc 2

Conseqüentemente, o preço do carvão, em unidades monetárias por tonelada, não deve ser superior a 3 vezes o preço do petróleo cru em unidades monetárias por barril conforme mostrado abaixo.

eq pcxpoc

Onde:

  • Pc é o preço do carvão.

Custo Variável de O&M

O custo variável de O&M depende da taxa de falha e da manutenção programada dos equipamentos da usina.

A manutenção programada procura minimizar as paradas não programadas. Assim como no automóvel, as despesas de manutenção crescem com o tempo de uso e dependem da tecnologia utilizada e da operação.

Por exemplo, máquinas térmicas operando na base apresentam menos falhas do que máquinas que operam ligando e desligando.

Fluxo de Caixa do Projeto


Uma vez determinado o custo anual normalizado, pode-se montar o fluxo de caixa do projeto, de acordo com os princípios da matem�tica financeira.

As receitas anuais são consideradas positivas e as despesas negativas, conforme mostra a figura abaixo.

As despesas são classificadas em dois grupos:

  • Capital (Capex - Capital Expenditure);
  • Operacionais (Opex-Operational Expenditure).

As Despesas de Capital - Capex - estão relacionadas ao investimento do projeto e, por isso, ocorrem apenas no início, antes do projeto entrar em operação comercial e começar a gerar receitas.

Por outro lado, as Despesas Operacionais - Opex - estão relacionadas aos gastos necessários para manter a usina em operação, após a sua entrada em operação comercial.

Finalmente, as Receitas Líquidas são os valores recebidos pela venda de energia do projeto menos os impostos incidentes sobre a venda e receita bruta.

Número de Períodos

A referência de tempo é o ano/mês no qual a primeira parcela de desembolso do investimento foi/será feito ou quando as primeiras despesas de desenvolvimento foram/serão realizadas.

O número total de períodos depende do ponto de vista de quem analisa o projeto.

As usinas de geração de energia possuem vida útil, entre 15 a 30 anos, que depende da tecnologia utilizada.

De uma maneira geral, usinas termelétricas possuem vida útil menor do que as hidrelétricas.

Alguns investidores consideram o número de períodos igual à vida útil do projeto.

Outros consideram o número de períodos como sendo o número de anos com receita assegurada, mesmo que a vida útil do projeto seja maior.

Por outro lado, os bancos e agentes de financiamento, são mais conservadores e consideram apenas o tempo com receita assegurada.

Investimento

O Investimento Total - Capex - são todas as despesas necessárias de serem feitas antes do início da geração de receita do projeto.

Normalmente esta despesa é feita em mais de um ano.

Assim como os custos anuais, o investimento pode ser normalizado com relação à potência instalada ou com relação à energia gerada.

Normalmente, o investimento é normalizado tendo como base a potência instalada.

Receitas Anuais

A receita anual é a parcela mais importante de todo projeto.

Sem ela, não existe projeto. No caso de projetos de geração de energia, a receita anual é basicamente a energia gerada e vendida pelo projeto.

Como a receita anual depende da energia gerada, ela é normalizada pela energia e se confunde com o preço de venda da energia.

Despesas Anuais

As despesas anuais são todas as despesas necessárias à operação do projeto que não são de investimentos. São normalmente chamadas de Despesa Operacionais - Opex. Ela incluí custos variáveis, tais como custo de combustível, e custos fixos, como salários do pessoal de operação.

 

 

Análise da Viabilidade do Projeto


O objetivo da análise de viabilidade do projeto é determinar se ele é economicamente viável e compará-lo com outras opções de investimento ou, no nosso caso específico, compará-lo com outras opções de geração de energia elétrica.

Existem basicamente dois métodos para analisar a viabilidade de projetos; o Valor Presente Líquido - VPL- e a taxa interna de retorno - TIR.

Maiores detalhes estão no capítulo Matem�tica Financeira.