Análise do Vento

“O pessimista reclama do vento; o otimista espera que ele mude; o realista ajusta as velas.”

William Arthur Ward

A analise do vento se tornou fundamental para o desenvolvimento da energia eólica. A determinação da energia gerada pela usina eólica requer o conhecimento estatístico do vento.

Todos nós possuímos conhecimentos sobre o vento. A praia, o mar, as pipas, as montanhas e os temporais nos forçaram a analisar esse poderoso elemento da natureza.

Ele pode ser suave ou destruidor conforme mostram as fotos acima.

A potência eólica é proporcional ao cubo da velocidade do vento, conforme o Capítulo Turbinas Eólicas. Portanto, torna-se necessário fazer um estudo estatístico da velocidade do vento semelhante à análise feita para a energia hidrelétrica.

Muito antes da geração de energia elétrica, o vento foi a força motriz das embarcações e, por isso, os marinheiros de antigamente desenvolveram muito conhecimento sobre este elemento da natureza.

No século XIX, Sir Francis Beaufort, desenvolveu uma escala, baseada em efeitos visuais, utilizada até hoje para definir a força do vento.

O sucesso desta escala, conhecida como Escala Beaufort, se baseou na falta de instrumentos de medição de velocidade do vento naquela época.

Na verdade, a medição do vento não é simples, mesmo atualmente com as estações meteorológicas modernas.

Escala Beaufort

GrauDesignaçãoNóskm//hm/sAspecto no marEfeitos em terra
0Calmaria<1<2<1EspelhadoFumaça vertical
1Bafagem1 a 3
2 a 61 a 2Pequenas rugas da superfície do marFumaça indicando a direção do vento
2Aragem4 a 67 a 112 a 3Ligeira ondulação sem rebentaçãoAs folhas das árvores ovem;

Os moinhos começam a trabalhar
3Fraco7 a 1013 a 19
4 a 5Ondulação até 60 cm, com alguns carneirosAs folhas agitam-se e as bandeiras desfraldamao vento
4Moderado11 a 16
20 a 306 a 8Ondulação até 1.5 m, carneiros frequentesPoeira e pequenos papéis levantados;
movem-se os galhos das árvores
5Fresco17 a 2131 a 399 a 11Ondulação até 2.5 m, muitos carneirosMovimentação de árvores pequenas;
Superfície dos lagos ondula
6Muito Fresco22 a 2741 a 5011 a 14Ondas grandes até 3.5 m; borrifosMovem-se os ramos das árvores;
Dificuldade em manter um guarda-chuva aberto
7Forte
28 a 33 52 a 6114 a 17Mar revolto até 4.5 m com espuma e borrifosMovem-se as árvores grandes;
Dificuldade em andar contra o vento
8Muito Forte34 a 4063 a 7417 a 21Mar revolto até 7.5 m com rebentação e faixas de espumaQuebram-se galhos de árvores; circulação de pessoas difícil
9Duro
41 a 4776 a 87 21 a 24Mar revolto até 9 m;
borrifos afetam visibilidade
Danos em árvores;
impossível andar contra o vento
10Muito Duro48 a 5589 a 10225 a 28Mar revolto até 12 m;
superfície do mar branca
Árvores arrancadas;
danos na estrutura de construções
11Tempestade56 a 63104 a 11729 a 32Mar revolto até 14 m;
Pequenos navios sobem nas vagas
Estragos abundantes em telhados e árvores
12Furação> 64> 119> 33Mar todo de espuma; visibilidade nulaGrandes estragos

 

A Circulação Atmosférica

A atmosfera possui papel vital na vida na terra, mas representa apenas 1% do seu raio. Isto significa que esta pequena casca gasosa nos envolve, protege e estabiliza a temperatura da terra transferindo energia térmica ao redor do planeta.

Portanto, a atmosfera compartilha o papel de regulador da temperatura terrestre com os oceanos, que desempenham a função de armazenadores de calor, formando o maior sistema termodinâmico do planeta.

Classifica-se a atmosfera como uma solução de gases, cuja composição se encontra na tabela abaixo. Conforme visto no Capítulo de Combustão, considera-se a composição do ar como sendo de Nitrogênio e Oxigênio.

Composição da Solução Atmosférica próxima à superfície

GásSímboloPercentual por volume de ar seco
NitrogênioN278,08
OxigênioO220,95
ArgônioAr0,93
NeonNe0,0018
HelioHe0,0005
HidrogênioH20,00006
XenonioXe0,000009
Fonte: Ahrens

Além desses gases que constituem a base da atmosfera, existem outros componentes cuja composição varia ao longo do tempo, conforme mostra a Tabela abaixo.

ElementoSímboloPercentual volumétricoppm
Vapor d'águaH2O0 a 4
Dióxido de CarbonoCO20,039395
MetanoCH40,000181,8
Óxido de NitrogênioN2O0,000030,3
OzônioO30,0000040,04
Particulados0,0000010,01 a 0,15
ClorofluorcarbonosCFC0,000000020,0002
A concentração de Ozônio se encontra entre 5 e 12 ppm em altitudes entre 11 e 50 km
Fonte: Ahrens

Fluidos aquecidos se tornam menos densos e tendem a se expandir devido ao aumento de pressão. Isto significa que o ar quente tende a subir na atmosfera e o ar frio a descer. Como o sol aquece a terra de forma desigual, a dinâmica da atmosfera depende da geografia e do movimento da terra ao redor do sol.

Os vídeos abaixo apresentam a circulação dos ventos na atmosfera.

Conforme mostrado nos vídeos acima, a velocidade do vento possui duas componentes; vertical e a horizontal. Mede-se a componente horizontal com relativa facilidade, mas a vertical não.

Na verdade, a velocidade do vento é um vetor tridimensional composto por flutuações espaço temporais sobrepostas no tempo sobre as componentes de larga escala1.

Todas as turbinas eólicas funcionam baseadas no vento horizontal, mas a componente vertical afeta o dimensionamento estrutural da turbina.

Análise do Vento

A Figura 1 mostra a velocidade média horária do vento horizontal na cidade de Natal disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura entre 1/8/2008 e 7/8/2008. Observa-se uma volatilidade maior do que a observada nas vazões dos rios e a periodicidade diária. Isso,significa uma maior volatilidade na energia gerada e maior dificuldade de operação do sistema.

Figura 1. Velocidade do vento em Natal

A Figura 2 mostra a relação entre vento e chuva na mesma localidade e dias. Aparentemente, existe uma correlação negativa entre chuva e vento.

Figura 2. Velocidade do vento x chuva em Natal

Por sua vez, a Figura 3 mostra a relação entre a velocidade do vento e as rajadas de vento. As rajadas são variações rápidas que afetam as estruturas, a aterrissagem de aeroplanos, mas não contribuem para a geração de energia. Porém, as turbinas eólicas, torres e sistemas de proteção devem considerá-las para que a geração opere confiavelmente.

Figura 3. Velocidade do vento x rajadas em Natal

Finalmente, a figura 4 demonstra a correlação entre a velocidade do vento e a radiação solar.

Figura 4. Velocidade do vento x irradiação solar

Referências

  1. AHRENS, C. D., Meteorology Today: An Introduction to Weather, Climate, and the Environment, 10 Ed., Brookes/Cole, 2013.2